Sim, é verdade, sonhamos um dia criar uma inteligência tão inteligente quanto a dos homens, mas penso que se a Inteligência Artificial é água, a natural é vinho, e essa diferença se traduz hoje nos mais variados conceitos e adjetivos criados pelos mais renomados especialistas, como inteligência específica e genérica, fraca e forte, etc.
Sem dúvida, se produzir vinho é algo singular, imagine fazer isso apenas a partir da água.
E esse me parece um desafio e tanto para a nossa inteligência, como espécie em evolução.
Entretanto, apesar dessa realidade, o mercado está inundado de ofertas de vinhos, ou hypes, se você preferir, das mais variadas qualidades.
Mas será que um dia não seremos realmente capazes de criar vinhos?
Se a resposta é sim, talvez o melhor caminho para isso seja inicialmente reconhecer nossa distância dessa possibilidade singular, que não pode ser medida apenas em tempo, como alguns tentam fazer.
Por exemplo, e agora de forma mais pragmática, nossos algoritmos estão focados em modelar aprendizados que nos levam a valorizar cada vez mais os dados, mas vejo essa capacidade apenas como uma evolução na representação da informação, copiando em grande parte como nosso cérebro faz isso.
Mas se o aprendizado da representação permite criar a água, isso não significa que encontramos a fórmula para o aprendizado do raciocínio, ou ainda da consciência, que são exemplos de grandes barreiras para o entendimento de nossa mente.
E, como já comentei em outros artigos, penso que a ciência está presa aos mesmo modelos do passado, onde acreditávamos que nosso planeta era o centro do universo.
Dessa forma, penso que nosso desafio para buscar o vinho passa também por pensar na possibilidade de modelar a mente não apenas como um produto do cérebro, mas também o contrário, criando-se cada vez mais arquiteturas cognitivas sem paradigmas.
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Rogerio Figurelli – @ 2018-11-29